sábado, 29 de agosto de 2009

Consolação ou Rascunho pra Teatro XIV







D - Licença...

A - Sim?!

D - Sou eu...

A - Ah, oi...

D - Como você tá?

A - Beleza...

(silêncio)

D - E você? Tá bem?

A - Tô sim...

D - Hum... Que bom!

(silêncio)

D - Tô muito diferente?

A - Um pouco...

D - É, cortei o cabelo... Mudei os óculos...

A - É...

(silêncio)

A - Seu cabelo era mais bonito antes...

D - É? Você acha?

A - Ah, tranqüilo...

D - Poxa, dava muito trabalho aquele cabelo...

A - Imagino...

(silêncio)

D - Você não mudou nada...

(silêncio)

A - É? Devo ter mudado em alguma coisa...

D - É... Tem razão... Mudou uma coisa...

A - O que?

D - Nada...

A - Fala...

D - Nada... Esquece...

A - O que é? Engordei? É isso?

D - Não

A - Então o que?

D - Ficou chato!

(silêncio)

Um comentário:

  1. lendo alguns de seus textos, penso que a poesia me engessa a capacidade dos diálogos. ou seja, que é possível achar também na prosa, especialmente na prosa dos falantes, um caminho breve para o sentido. mas, ao menos por ora, não arrisco e continuo poetando.

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