segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Garoa ou Rascunho para Teatro XVIII






A - Te esperei a noite toda...
B - Por quê?
A - Achei que te veria lá...
B - E não viu?
A - Não...
B - É... Nem eu vi você...
(silêncio)
A - Que bom... Sem surpresas...
B - É... Sem surpresas...
(silêncio)
B - Chorou?
A - Chorei...
(silêncio)
A - E você?
B - Eu não...
(silêncio)
B - Não ter chorado é um problema?
(silêncio)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sem surpresas para a noite de amanhã ou Rascunho para Teatro XVII






Daqui - Você sabe que vai voltar, né?
De Lá - Onde você está?
Daqui - Em casa...
De Lá - Me ligou pra dizer isso?
Daqui - E quando voltar, estarei aqui...
De Lá - Eu não pretendo voltar...
(silêncio)
Daqui - Tô esperando você voltar...
(silêncio)
De Lá - Eu não vou voltar!
(silêncio)
Daqui - Começou a chover aqui...
De Lá - Aqui não!
(silêncio)
De Lá - Tá tarde, vou desligar...
Daqui - Tomara que amanhã faça sol...
(silêncio)
Daqui - Se não fizer, te ligo de novo...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Para Penélope ou Rascunho para Teatro XVI






Ela - Pois não?!
(silêncio)
Eu - Tem flores de plástico?
Ela - Tem sim...
Eu - Posso dar uma olhada?
Ela - Não prefere dar uma olhada nas flores naturais?
Eu - Não... Quero as que são de plástico...
Ela - Mas, olhe como os girassóis estão com uma cor viva...
Eu - Eu quero as falsas! Quero flores de plástico...
(silêncio)
Ela - Certo, aqui no fundo da loja...
(silêncio)
Ela - Posso perguntar por que o senhor prefere as flores artificiais?
Eu - Quero dar de presente...
Ela - E por que tem que ser flores de plástico?
Eu - Porque as flores de plástico nunca morrem...
Ela - Mas, elas nem são de verdade... Aposto que seu presente ficaria mais bonito com flores naturais.
Eu - Mas eu não quero um presente bonito... Prefiro um presente que dure... Um presente que não morra...
(silêncio)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Só uma festa ou Rascunho para Teatro XV






B
- Posso te pedir uma coisa?
A - Pode...
B - Não vai levar a mal?
A - Não... O que é?
B - Será que amanhã, você poderia sair de casa enquanto eu almoço aqui com alguns amigos?
(silêncio)
A - Por quê?
B - Porque eu não quero que eles te vejam...
A - Por quê?
B - Porque sei que eles vão comentar de você...
A - Comentar o que?
B - E eu não quero isso...
A - O que eles vão comentar?
B - O jeito que você fala, as roupas que você usa, suas piadas sem-graça, o seu cheiro de cigarro, sua barba mal feita...
(silêncio)
A - Tá...
B - Obrigada!
(silêncio)
A - Se eu demorar a voltar, não se assuste...
B - Obrigada por me entender...
A - De nada...
(silêncio)